terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Meu tempo


O tempo está sendo impiedoso comigo.
Mas não o tempo biológico,
aquele que me deixa cada dia mais velho.
Aquele, pelo menos, me mostra o que está fazendo comigo.
Põe rugas no meu rosto, cabelos brancos,
cansaço ao querer correr como antes.
Óculos para a leitura, meias.

O tempo de que falo é o tempo da vida, que a faz passar,
esse que está dentro de nós e não mostra seus estragos.
Esse tempo é impiedoso demais comigo.
Está fazendo o papel inverso com meu interior, porque
em vez de me dar paciência e sabedoria, está me tornando
rude e fechado. É um retrocesso, da carne à pedra.
Portas fechadas eu diria.

Esse tempo se apossou da minha essência e
escolhe lugar para morar. Hoje, pelo jeito,
deve estar no meu coração. Já esteve no rim,
no cérebro criou ramificações. Só não posso
deixar que ele chegue às minhas mãos, porque
com elas poderei, mesmo que calado,
pedir ajuda com um simples estender.


Marcio