segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Gente humilde


É bem complicado saber que há pessoas como nós, eu e você que me lê, sem nada ou quase nada. Sem moradia, sem comida, sem dignidade afinal. Brasileiros como nós passando por momentos bem tristes. Fico feliz por ter tido a sorte de ter nascido como e onde nasci. Feliz por ter tido o privilégio de poder estudar, ter comida na mesa todos os dias e por poder ter e aproveitar todas as oportunidades que me foram dadas.

Se hoje sou o que sou e estou onde estou é porque aproveitei todas as oportunidades, mas também porque fui sorteado na loteria da vida e nasci bem, com teto e pão. Este pequeno texto é só para expressar a minha, ainda, falta de saber o que fazer com relação a essas e muitas outras pessoas que sofrem no mesmo país em que vivemos.

Houve tempo em que achei que o voto seria a minha maneira de ajudar as pessoas, mas depois de tantas mazelas políticas percebi que esse não era o caminho. E antes que alguém venha encher o meu saco por causa de um ou outro partido, já me antecipo e digo que não tenho partido nem me simpatizo com nenhum deles. Reconheço as coisas boas e ruins que foram feitas por todos eles, mas mesmo assim desisti de votar.

Continuo na minha busca de como posso, na pequenez do meu mundo, ajudar a quem precisa de uma maneira coerente e sem interesses. Somente pela vontade de ajudar. Vou descobrir e compartilhar quando for o momento.

Até o próximo post.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

A culpa é nossa, claro.


A Folha de S.Paulo deu que hoje, na estreia da faixa de ônibus do corredor norte-sul, o trânsito teve lentidão acima da média. Certo. Qual a novidade? Nenhuma. O trânsito de São Paulo tem lentidão acima da média quase todos os dias, mas agora acharam uma causa: a faixa de ônibus. Não é a quantidade absurda de carros nas ruas; não é a volta às aulas; não é a desqualificação de motoristas mal preparados; não são as CNHs compradas; não são os 800 carros novos licenciados por dia em São Paulo; não é a desobediência de carros militares ou governamentais que burlam as leis sem o menor constrangimento. Enfim, não é nada disso. A culpa é do trabalhador que pega ônibus. 

Mas que porcaria que tem que pegar ônibus todos os dias pra trabalhar? Isso atrapalha a cidade, caramba. Será que vocês, trabalhadores, não enxergam o transtorno que vocês causam no trânsito, atrapalhando aqueles que têm carros e precisam chegar no seu trabalho? Será que vocês não veem que aquelas pessoas que pegam táxi sofrem com a quantidade imensa de ônibus que circulam em nossas ruas? Vocês, trabalhadores que pegam ônibus, precisam entender que a cidade não foi feita pra vocês, mas para aqueles que têm carro ou andam de táxi. 

Vejam na reportagem da Folha que os taxistas e um dono de posto de combustível estão muito chateados com a situação. Realmente é inadmissível que na maior cidade do Brasil os trabalhadores tenham alguma vantagem. Afinal de contas, quem faz São Paulo girar, funcionar, ganhar dinheiro, movimentar-se, aparecer, crescer, subir portas, acordar, permanecer acordada, cair, levantar, manifestar-se etc.? É a minoria que anda de carro ou a esmagadora maioria que anda de ônibus? Por favor, trabalhadores que andam de ônibus, coloquem a mão na consciência. 

Até o próximo post.  

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Vandalismo e indignação: sua opinião precisa de foco


Tem um monte de gente dizendo que vandalismo é ruim, que as pessoas precisam protestar, mas sem vandalismo. É verdade, mas tenho pensado muito nisso e me faço algumas perguntas:

1) Qual é o verbo que se aplica quando as pessoas que precisam de transporte público de qualidade se espremem feito gado nos vagões de trens, metrôs e ônibus?

2) Qual é o verbo usado quando pagamos o nosso imposto rigorosamente e ainda precisamos pagar um plano de saúde para, ainda assim, sermos atendidos precariamente em hospitais?

3) Qual é o verbo que se aplica quando precisamos pagar escolas particulares para que nossos filhos porque nossas escolas públicas são uma porcaria?

4) Qual é o verbo que se aplica quando entregamos todas as nossas coisas mas, ainda assim, somos assassinados no meio da rua?

5) Qual o verbo que se aplica quando precisamos ler que o Estado anda pensando em promover a Lei do Nascituro, em detrimento de coibir os casos de estupro e acabar com o mal pela raiz?

6) Qual o verbo que se aplica quando idiotas tentam aprovar a Cura Gay?

7) Qual o verbo que se aplica a quem não tem um pingo de dignidade na vida, não por vontade própria, mas porque não tiveram oportunidade como nós que usamos o Facebook?

Para aqueles que dizem que vandalismo é ruim para o Estado, apoio. Mas pensem que vandalizados somos nós, todos os dias.

Por último, só para lembrar, o PSDB está aqui em São Paulo há mais de 20 anos. O PT está na presidência há mais de 10 anos. Dilma, Lula, Sarney, Alckmin, FHC, Collor etc. são nomes que estão ou estiveram aqui. Quem queremos para o lugar deles?

Se vamos reivindicar alguma coisa, precisamos ter foco, mesmo quando nas redes sociais. Precisamos saber o que queremos, mas sem aproveitar o bonde das manifestações e, só agora, aparecer como indignado(a).


Até o próximo post.

terça-feira, 4 de junho de 2013

Vocês que fazem parte dessa massa...


Hoje saiu uma notícia na Folha de S.Paulo (http://migre.me/eS0r1) sobre um centro social que está causando discórdia na Santa Cecília, região central de São Paulo. O objetivo do Centro Social Paulo 6º é acolher os moradores de rua da região, fornecendo comida, abrigo, dentista e médico para essas pessoas.

Separei algumas frases ótimas e marquei as partes mais interessantes.

Frases dos moradores contra o centro social:

"Esse centro deveria ser instalado em um local adequado. Não aqui, onde circulam muitas crianças e jovens." (Ivani Marcucci, advogada)

"Temos bebês de quatro meses a cinco anos conosco. Acho louvável a atitude da igreja em ajudar os pobres, e a gente colabora sempre que possível, mas aqui ao lado vai atrair pessoas indesejáveis." (Regina Tacla, dona de uma escolinha particular)

"A intenção dos moradores daqui é simplesmente melhorar a rua para que ela não se transforme em mais um ponto de tráfico de drogas." (Hélio Leste, empresário)

"Que fique bem claro: não se trata de uma manifestação preconceituosa, mas, sim, do direito de os moradores se manifestarem contra algo que não desejam. Muitos desses moradores de rua têm antecedentes criminais e são viciados em crack." (Lilian Sallum, empresária)

"Você segue com a sua família para um restaurante e é abordado por essas pessoas, muitas vezes de forma agressiva. Quem quer passar por isso?"(Leonardo Recalce, dono do restaurante Così)


Frases das pessoas a favor do centro social:

"Algo tem que ser feito, JÁ. Até quando vamos jogar para debaixo do tapete?" (Roberto Carvalho, empresário)

A presidenta do centro social pede aos moradores que tentem conversar "ao menos com sugestões para que a gente possa encontrar soluções. Não adianta reclamar. A verdade é que o pobre incomoda".

"Há um abismo separando as pessoas bem-intencionadas das pessoas egoístas. Precisamos construir pontes, passarelas, tirolesas, teleféricos. Não podemos mais viver assim." (Marcio Coelho, cada vez mais de saco cheio)


Até o próximo post.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Estúpida retórica


Certamente você que me lê agora teve oportunidades na vida. Mesmo que no singular, mas teve. Se está aqui é porque tem um computador, um smartphone, está numa lan house, está no trabalho ou na faculdade. Seja qual for a sua situação, se você está aqui me lendo, é porque teve oportunidade na vida. Não estou aqui dizendo que você é rico(a) ou pobre, estou somente constatando um fato. Pode ser, sim, que a oportunidade tenha passado e você não quis ou não deu certo ou não estava num bom momento. Entendo, mas nada disso importa para o que quero dizer. 

Eu tive oportunidades na minha vida. Aproveitei ao máximo cada uma delas. Poderia ter sido melhor? Sim. Mas a verdade é que tive oportunidades. Meus pais nem chegaram ao ensino médio, mas não foi por falta de oportunidade. O que quero tentar mostrar aqui é que eu, você e um pequena parte da nossa sociedade teve oportunidade. Vamos entender oportunidade aqui como suprimento do mínimo das necessidades básicas.

Há no entanto uma gama da população brasileira que nunca teve acesso nem oportunidade na vida. Imagine-se passando fome, sem banho, sem privada, sem água encanada, sem casa, sem o básico para sobreviver. O que você faria? Como pensaria em sair dessa situação, se nem o que comer você teria? Como se aproximaria de alguém cheirando mal? É assim que muita gente vivia e ainda vive no Brasil. É assim com milhões de pessoas no planeta. Com a atual polêmica sobre o Bolsa Família, as opiniões divergem muito. Chega a ser abissal. E é justamente por isso tão interessante poder expressar opinião. 

Tenho visto muita gente criticar o Bolsa Família, com os mais diversos argumentos possíveis. Mas diferentemente do que a maioria das pessoas acha, o programa é feito para tentar devolver a dignidade às pessoas que passam por grandes dificuldades. Pessoas que não tem como se desenvolver sem uma distribuição de renda mais justa. Pessoas que precisam primeiro comer e ter o mínimo de higiene para depois tentar procurar emprego. 

É preciso ter cuidado ao assistir a uma reportagem ou ao ler alguma notícia sobre esse assunto. A grande mídia cria um pano de fundo nebuloso e raivoso. Procure saber, por exemplo, que há centenas de famílias devolvendo o cartão do benefício porque já conseguiram se erguer e hoje caminham com as próprias pernas. 

Nosso Brasil é assim: os portugueses sugaram tudo o que tínhamos; tivemos quase 400 anos de escravidão; duas ditaduras; faz só 28 anos que conseguimos votar livremente e tivemos, depois disso, governos para as elites. Não podia continuar assim. Como queremos ser um país digno com uma história dessa?

Antes que alguém pense que sou mais um petista, mais um religioso, mais um chato ou esquerdista, não, não sou. Nenhuma dessas coisas me representa. Mas sou um cidadão preocupado com o futuro de um país lindo, porém com inúmeros problemas por resolver. Sou mais um indignado com a realização de uma copa do mundo aqui. Sou mais um indignado em termos um Fliciano, um Malafaia, um Sarney ainda no governo. Sou mais um que tenta, dentro do seu microcosmo, dentro do seu mundinho, ajudar a quem precisa e levar um pouco conforto.

Não vamos ver um Brasil melhor de uma hora para a outra. São muitos anos de corrupção, que ainda existe dentro de todas as esferas da sociedade, e, desculpa a franqueza, nunca vai acabar. O ser humano é o ser humano. A corrupção não tem tamanho, o ato pode ser pequeno, mas é corrupção do mesmo jeito.

Meu objetivo com esse texto, caro(a) leitor(a) - eu, pretenso Machado de Assis - é tentar mostrar que há dois lados em uma moeda. 

E você, que fica com raiva e indignado(a) de ver as pessoas receberem "de graça" um benefício do Governo, faça o seguinte: troque de lugar com essa pessoa e desfrute de todo o conforto que lhe será proporcionado.

Até o próximo post.

 

sexta-feira, 17 de maio de 2013

O ser humano é mais importante



Li recentemente um artigo sobre ser de dirteita e ser de esquerda. O autor diz, logo no início, que concorda ser uma discussão estéril, mas continua discorrendo por mais alguns parágrafos, ou seja, para ele não é estéril. Ele precisa continuar falando sobre ser de direita ou de esquerda. Há uma necessidade latente nessas pessoas de afirmar a todo o momento que pendem para um lado. Fico assustado com esse tipo de postura. Levantar a bandeira da diferença entre esquerda e direita e afirmar "sou de esquerda" ou "sou de direita" é separar as pessoas por uma ordem pura e simplesmemte partidária. Repetir que é de esquerda ou de direita é a necessidade de se ouvir para se convencer de alguma coisa ou para cobrir, com uma ideologia ultrapassada, a de ação e de atitude

Infelizmente, como já escrevi aqui em outro post, não voto mais. Oposição e situação trocam de lugares o tempo todo e os problemas de base que temos continuam. As contradições são absurdas e não posso permitir ser representado por nossos dirigentes. Nosso governador (da dita direita) é truculento e déspota, a ponto de fazer uma "limpeza" na cracolândia, em vez de dar condições dignas de recuperação para os dependentes. Nosso prefeito (da dita esquerda) nomeia para Secretário da Promoção da Igualdade Racial um homem que agrediu fisicamente a ex-mulher e é totalmente descontrolado. E pior: ele é do PCdoB. Quem é comunista hoje? Quem não vive dentro do sistema? É lamentável. Por essas e outras não me permito ser representado por essa gente.    

Mais uma vez, esquerda e direita só existe na ideologia daqueles mais preocupados em se autoafirmar de um lado ou de outro. Colocar a mão na massa, ajudar as pessoas, resolver os problemas, mostrar caminhos, entrega, dedicação, caridade, voluntariado. Tudo isso vem antes de sermos de esquerda ou de direita. Toda segregação é um preconceito. O pensamento que segrega por conta de ideologias políticas e partidárias é o mesmo que segrega homosexuais, negros, religiosos, gordos, magros, feios, bonitos, ricos. É preciso tomar cuidado, é preciso abrir os olhos e perceber que há pessoas morrendo de fome do nosso lado enquanto ficamos nessa discussão estéril, para usar as palavras do autor do artigo.

Quem quiser ler o artigo: http://www.diretodaredacao.com/noticia/direita-e-esquerda-eis-a-questao. No final o autor diz o seguinte: "Mais cedo ou mais tarde, essa confusão de quem entra em contradição com a própria visão do mundo pode provocar irreversíveis problemas de consciência. Nesse quesito, felizmente, e desde garoto, a minha consciência vai seguindo em paz..." Não, se você estivesse com a consiência em paz, não precisaria escrever sobre uma discussão que você mesmo diz ser estéril.

Não tenho religião, não voto mais, não sou de esquerda nem de direita, não tenho partido político, não sou preto nem branco. Dentro do meu alcance, procuro fazer o bem para as pessoas, ajudar o próximo, fazer caridade para quem precisa, dar afeto ao meu filho para que ele seja do bem e de bem, antes de qualquer coisa, para que no futuro, quem sabe, com cabeças bem mais abertas do que as nossas, as crianças de hoje construam um lugar em que não precisem mais de partidos políticos para viver em paz. 

 

terça-feira, 7 de maio de 2013

FBN - nova gestão





A Fundação Biblioteca Nacional (FBN) tem um novo presidente. Renato Lessa assumiu o cargo, antes ocupado por Galeno Amorim. A experiência de Renato Lessa como gestor é questionável e administrar o oitavo maior acervo do mundo não será fácil. Além disso, não é inteligente da parte dele querer comprar briga com o mercado editorial. O importante é estreitar laços e fazer parcerias, para assim trazer recursos para dentro da FBN. Só para se ter uma ideia, o mercado editorial brasileiro publica por volta de 5.000 títulos novos todos os meses. Cada ISBN novo, emitido exclusivamente pela FBN, custa para as editoras R$ 12,00. Só por essa conta são R$ 60.000,00, por mês. Sem falar na inserção de um novo selo, correção de ISBN etc. Sendo assim, é mais interessante se aproximar das editoras a criticar.


Em uma reportagem à Folha de S.Paulo, Lessa disse que encontrou uma mistura dos mundos de Borges (uma grande biblioteca) e de Kafka (burocrático). É uma constatação literária, acadêmica. A FBN precisa de ação, não de academicismo. Quando Galeno Amorim assumiu, sua intenção era popularizar a FBN, levando o nome da fundação para o Brasil e para o mundo. Foi muito criticado, porque dizem que não olhou para o básico: goteiras, problemas com ar-condicionado etc. Realmente precisam ser resolvidos, mas problemas existem em muitas empresas e os funcionários não param de trabalhar por conta deles. Quem precisa da FBN, como é o meu caso como editor, sabe a dificuldade em conseguir informações simples. 

Enfim, já presenciei situações parecidas com essa que aconteceu com o Galeno Amorim. Quando existe alguém com postura profissional, disposto a fazer as coisas acontecerem, disposto a popularizar um espaço público, por mais controverso que possa parecer, disposto a dar uma "cara" profissional à empresa (seja ela pública ou privada), as pessoas acomodadas sentem-se prejudicadas e começam a boicotar a gestão. 
 
Afirmo: administrar não é para um cientista social. Está mais do que na hora de os órgãos públicos mudarem o "estilo" de trabalhar e aceitarem que o mundo mudou. O acesso à informação mudou, a velocidade mudou e as relações mudaram. As pessoas precisam de uma FBN mais ágil e democrática, mais popular e com mais atuação no cenário literário e editorial brasileiro. Fica aqui meu pedido para que o novo presidente leve a FBN às pessoas e faça valer o status de fundação.