quinta-feira, 7 de outubro de 2010

O pai do Bode ganha o Nobel Literatura


Começar no mercado editorial por onde comecei foi gostoso. Comecei como revisor de texto, ou melhor, como adaptador de texto. Nem sei se isso ainda exsite. O que sei é que naquela época, sair da faculdade de Letras, entrar numa editora grande (saudosa Siciliano) e já trabalhar como revisor foi a realização profissional para um recém-formado.

Meu primeiro trabalho: 2ª revisão do livro La fiesta del chivo, de Mario Vargas Llosa. O livro (com título em português A festa do bode) foi criticado por um jornalista policial da época, que hoje faz programas sensacionalistas. Esse mesmo jornalista também é autor de livro. Mas enquanto o criticado está recebendo o Nobel de Literatura, o crítico fala sobre o dia a dia dos "marginais" na TV, e seu livro é primeiro lugar em estoque.

Santo Domingo, capital da República Dominicana, já se chamou Ciudad Trujillo. Entre 1931 e 1960, Rafael Leónidas Trujillo comandou a ditadura daquele paraíso, mudando até o nome da capital. O Bode, como era apelidado o ditador, é retratado por Vargas Llosa de uma maneira intensa, não só por seu lado déspota, mas como um homem fraco, carente e doente.

Recomendo o livro. Foi o livro que iniciou minha carreira editorial, por isso o carinho especial por ele. É um livro rico em detalhes e caracterização dos personagens. O Trujillo que ficará para sempre na memória é o bode do Vargas Llosa, não aquele das biografias.
Parabéns pelo Nobel, Vargas Llosa!